Espírito da Floresta
Eu caminhava por entre as árvores.
De repente, um sopro incomum. O farfalhar das folhas. Um vento leve.
Frio na barriga.
“Não estou sozinha”, foi pensamento breve.
Olhei para a direita: só a brisa, a floresta, as folhas.
Me virei e nossos olhos se encontraram.
Nos meus, medo. Nos dele, estranhamento.
“Quem é você que ousa interromper meu jantar sagrado?”
“Sou floresta, como você. Um elemental, um animal com medo”, respondi com o olhar.
Ele assentiu e voltou os olhos para o chão em sua refeição.
Então passei, fui brisa, continuei.
Durante o resto do percurso refleti
sobre a conversa silenciosa que tivemos.
E quão intrusa me senti ao perturbar o jantar de um cervo.